Bebê sorridente deitado de bruços em um tapete claro, representando o desenvolvimento e a memória na primeira infância.
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Amnésia Infantil: O Que os Estudos Dizem Sobre a Memória dos Primeiros Anos

Você se lembra do seu primeiro aniversário? Ou da sua primeira palavra?

Provavelmente não — e isso não é coincidência. A incapacidade de lembrar dos primeiros anos de vida é chamada de amnésia infantil, um fenômeno natural que intriga cientistas há décadas.

Durante muito tempo acreditou-se que os bebês simplesmente não formavam memórias. Hoje, no entanto, a ciência mostra que eles registram experiências, mas o cérebro ainda não está totalmente preparado para armazená-las de forma duradoura.


O que acontece no cérebro do bebê

Nos primeiros anos de vida, o cérebro infantil passa por um processo intenso de desenvolvimento. As conexões neurais são formadas a uma velocidade impressionante — cerca de 1 milhão por segundo nos primeiros meses.

Porém, as áreas responsáveis pela memória de longo prazo, como o hipocampo e o córtex pré-frontal, ainda estão imaturas.
Isso significa que, embora o bebê possa aprender e reconhecer rostos ou vozes, ele não consegue manter lembranças autobiográficas de longo prazo.


Quando começamos a formar lembranças

Pesquisas indicam que as primeiras memórias conscientes geralmente surgem entre os 3 e 4 anos de idade.

Antes disso, as lembranças se perdem ou se tornam inacessíveis, pois o cérebro passa por um processo chamado poda sináptica — uma “limpeza” natural das conexões neurais para otimizar o funcionamento cerebral.

Esse processo é essencial para o desenvolvimento, mas também apaga registros anteriores, o que explica por que não lembramos de eventos da primeira infância.


Emoções e linguagem também influenciam

Além do desenvolvimento cerebral, fatores emocionais e linguísticos têm papel importante na formação da memória.

As crianças pequenas ainda não têm vocabulário suficiente para narrar experiências.

Sem a linguagem, é difícil criar uma estrutura de memória consciente — afinal, lembrar é, em parte, contar para si mesmo o que aconteceu.

Da mesma forma, emoções intensas, como medo ou alegria, podem marcar mais fortemente o cérebro, deixando traços que, mesmo não sendo lembranças claras, influenciam a personalidade e o comportamento futuro.


O que a ciência revela sobre a amnésia infantil

Estudos recentes mostram que o cérebro infantil não apaga completamente as memórias — ele apenas as reorganiza.

Pesquisas com neuroimagem sugerem que, mesmo sem lembranças conscientes, os bebês retêm aprendizados implícitos, como sons, rostos e até padrões de comportamento.

Ou seja, aquilo que vivemos nos primeiros anos molda quem nos tornamos, mesmo que não tenhamos lembranças visuais ou narrativas desses momentos.


Como os pais podem estimular a memória dos filhos

Mesmo sabendo que a amnésia infantil é natural, os pais podem estimular o desenvolvimento da memória e das emoções positivas desde cedo.
Algumas práticas simples fazem diferença:

  • Converse com o bebê e descreva o que está acontecendo;

  • Mostre fotos e conte histórias sobre a família;

  • Crie uma rotina com músicas e objetos familiares;

  • Incentive o contato social e o afeto diário.

Essas experiências fortalecem as conexões neurais e ajudam a criança a construir as bases da memória emocional e cognitiva.

A amnésia infantil não é um “apagão” da memória, mas sim um processo natural de maturação cerebral.

Mesmo sem lembranças conscientes, os primeiros anos de vida influenciam profundamente nossa forma de sentir, reagir e aprender.

Por isso, cada gesto de carinho, cada canção e cada abraço contam.

As memórias podem não ser lembradas, mas são sentidas — e ficam gravadas onde o amor começa: no coração.

Leia também: Desenvolvimento Infantil nos Primeiros Anos de Vida: Um Guia para Estimular o Crescimento

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