Você já ouviu falar em matrescência? O termo ainda é pouco conhecido, mas descreve algo que toda mãe sente em algum momento: a intensa transformação que ocorre ao se tornar mãe. Muito além das mudanças físicas, a matrescência é uma verdadeira revolução interna — e por isso é frequentemente comparada à adolescência.
O que é Matrescência?
A palavra matrescência foi criada pela antropóloga americana Dana Raphael nos anos 1970 e se refere ao processo de transição para a maternidade. Assim como a adolescência marca a passagem da infância para a vida adulta, a matrescência marca a transição da mulher para o papel de mãe.
Ela abrange mudanças físicas, emocionais, psicológicas, sociais e até espirituais. E, apesar de ser uma fase natural da vida, nem sempre é compreendida ou respeitada.
Por que a Matrescência é Comparada à Adolescência?
A comparação com a adolescência não é exagero. Ambas as fases envolvem:
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Oscilações hormonais intensas
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Mudanças na identidade
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Busca por pertencimento
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Conflitos internos
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Desequilíbrio emocional
Na matrescência, a mulher deixa de ser quem era antes e passa a se redescobrir em uma nova identidade. É comum sentir-se perdida, insegura ou até culpada por não se sentir feliz o tempo todo. E isso não significa ingratidão — significa humanidade.
As Múltiplas Camadas da Transformação Materna
1. Mudanças físicas e hormonais
Após o parto, o corpo da mulher passa por um verdadeiro turbilhão de ajustes: queda de hormônios como estrogênio e progesterona, alterações no sono, amamentação, dores, e cansaço extremo. Tudo isso influencia diretamente o estado emocional da mãe.
2. Reconstrução da identidade
Quem sou eu agora? Essa é uma pergunta comum entre mães recentes. Muitas mulheres sentem que perderam parte de si mesmas ao se tornarem mães, e levam tempo para entender que não se trata de perder, mas de reconstruir uma nova versão de si.
3. Desafios nos relacionamentos
A maternidade pode alterar dinâmicas conjugais, familiares e sociais. É comum sentir-se só, mesmo cercada de pessoas. O isolamento, somado ao peso da responsabilidade, contribui para o sentimento de solidão materna.
4. Pressões externas e autocobrança
As redes sociais, opiniões alheias e comparações criam expectativas irreais sobre a maternidade. A mulher se vê pressionada a ser a mãe perfeita, a recuperar o corpo logo após o parto, a dar conta de tudo com um sorriso no rosto. Mas a realidade é bem diferente — e tudo bem.
Matrescência não é doença, mas precisa de acolhimento
É fundamental entender que a matrescência não é um transtorno, mas sim um processo natural. No entanto, por falta de apoio ou informação, muitas mulheres acabam desenvolvendo quadros como depressão pós-parto ou ansiedade.
Por isso, o acolhimento emocional é tão importante. Ouvir sem julgar, oferecer ajuda real e respeitar o tempo da mãe são atitudes poderosas.
Como lidar com a Matrescência?
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Aceite as mudanças: É normal se sentir confusa ou vulnerável. Não lute contra isso — acolha seus sentimentos.
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Converse com outras mães: Trocar experiências é uma forma potente de se sentir menos só.
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Busque apoio profissional: Psicólogos perinatais, doulas e grupos de apoio podem ser grandes aliados.
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Cuide de si mesma: O autocuidado não é egoísmo, é necessidade. Pequenos momentos de respiro fazem diferença.
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Informe-se: Saber o que é a matrescência ajuda a entender que você não está “errada” por sentir o que sente.
A maternidade é transformadora, mas também desafiadora. Reconhecer a matrescência é dar nome ao que tantas mulheres sentem em silêncio. É validar, acolher e permitir que a mãe também seja cuidada.
Se você está passando por essa fase, lembre-se: você não está sozinha. E está tudo bem não estar bem o tempo todo. A Plena Maternidade está aqui para caminhar com você.